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Mostrando postagens de 2018

Nós e Eles (uma resenha de um sonho)

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        Esse final de semana tive uma experiência transformadora. Pela segunda vez nesta breve vida tive a oportunidade de ver ao vivo um show de uma pessoa, que na minha opinião é o maior gênio vivo da história da arte: Roger Waters, meu membro favorito do Pink Floyd! Diferentemente de uma resenha técnica, minha intenção é de que este texto seja de cunho filosófico e sentimental. Gostaria que essas palavras pudessem ser vistas como um presente para meus irmãos humanos que não puderam experienciar a magia que foi aquele show.          Falar de Pink Floyd para mim é difícil. O primeiro texto que escrevi neste blog foi justamente uma resenha do "Dark Side of the Moon" ( link aqui ), disco que considero uma das mais belas obras de arte produzidas pela nossa espécie. Neste momento estou experienciando algo novo para mim: não estou conseguindo encontrar as palavras que considero mais adequadas aos meus afetos para descrever o show. Quem me conhece sabe o amor que tenho pelas

O sentir da vida - Parte II

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...continuação do texto anterior ( link aqui ) Sábado, dia 07 de setembro de 2018.       Acordo sem medo pela primeira vez em muito tempo. Estava num lugar mágico, vivendo experiências transformadoras e desfrutando intensamente da minha própria companhia. Me preparo para tomar um super café da manhã. No fluxo da minha recém-adquirida super-sociabilidade decido puxar papo com o garçom para pedir sugestões de praias interessantes na região. Digo que estou interessado numa praia afastada e deserta. Ele me recomenda a praia de "carro quebrado". Agradeço a indicação, termino meu café e parto na busca da tal praia. No caminho vou ouvindo o velho Bob (que acabou se transformando na trilha sonora oficial da viagem) e brisando no visual que se constrói a minha frente. Me pego rindo e chorando pelo encanto do próprio caminho e penso "Se a vida é caminho, estou vivendo muito bem nesse momento". Percebo então que estou completamente perdido e decido simplesmente continua

O sentir da vida - Parte I

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      No início deste mês vivi uma experiência transformadora. Gostaria de deixá-la registrada na forma de texto. Acho que pode ser útil para outros da minha espécie. Na primeira semana desse mês, entre os dias 03 e 05 de setembro, por alguma magia, dessas que o Universo desenha sem a gente perceber, minha vida estaria na rota de uma jornada transformadora da qual eu ainda não fazia ideia. Havia dado aulas muito boas na segunda, terça e na quarta. São nesses dias que minhas aulas estão concentradas neste semestre letivo. Meus alunos mais próximos sabem o quanto dar boas aulas é importante para mim. Eu sempre entro em sala de aula para fazer o melhor que eu puder. Ser 100% presença e entregar aos alunos toda a minha energia vital na construção de um discurso bem encadeado, divertido, empolgante e provocador de sinapses. Sempre querendo ir além das questões técnicas ali expostas. E minhas aulas estão fortemente sujeitas à imprevisibilidade das minhas próprias sinapses. Evito ficar muito

O barco e o porto

E mais um barco atraca neste cais Seus contornos me soam familiares Há tempos ele não aparecia por aqui Melancolia é o nome desta embarcação Um pequeno barquinho de cor cinza Sem velas, motores ou remos De aparência modesta e cansada Pela longa espera que o trouxe até aqui Desejoso de atracar e enfim ser visto É tudo que o novo hóspede deseja Ancorar, descansar, ser notado e partir Como querem todos os barcos deste porto Mas para o marinheiro que tem fome de mar A presença deste barquinho incomoda Pois ele ocupa um espaço precioso Que o desejo reservou a uma grande Nau Mas o que sabe o desejo Sobre esse navegar sem rumo? Se todo desejo esconde uma intenção E toda intenção vislumbra um caminho? E se todo porto é uma porta Sempre aberta a um novo "se lançar" Então deixa esse barquinho descansar Pois logo ele parte e outro ocupa seu lugar

Vida

A vida é essa coisa que pulsa Esse movimento sem chegada Essa estrada sem partida Essa dança de vontades A vida é essa respiração Esse desabrochar do ser Essa floração do espírito Essa transmutação sem fim A vida é essa dinâmica Essa luta por espaço Essa batalha de pulsões Essa eterna ambivalência A vida é um nascimento Mas é também uma morte É o sofrimento que pede A percepção ou a sorte A vida é esse fractal Essa cascata hierárquica Da mitocôndria ao homem Do fragmento ao todo A vida é o caminho do tempo A força da finitude Que na busca da eternidade Manifesta a sua verdade

O ser e a música

Existe uma neblina que se interpõe entre observador e ser  E quando ela se adensa me atrapalha a visão  O primeiro sintoma é a desconexão  O tempo do mundo deixa de ser o tempo do ser  A transcendência passa a ser quase uma necessidade  O ser se sente sufocado pelo maquinismo do cotidiano  A rotina parece ser o combustível dessa neblina  Ela se alimenta de condicionamento e incompreensão  Mas acontece que o ser é forte  Ele também quer fazer valer sua vontade de potência  E de pouco em pouco vai se fazendo ouvir Sussurrando constantemente nos ouvidos desse observador  Tentando se iluminar para se fazer ver através da neblina  E nisso ela se espalha e se enfraquece  A neblina também se cansa, sua opacidade pesa E nessa dança de vontades o ser se revela  O primeiro sinal é uma leveza segura, uma certeza na presença  Uma harmonia fluida, resoluta, não diminuta, mas dominante  O segundo sinal é a certeza no ritmo O tempo dos afetos se adeqüa ao te

Vida, vontade de potência, salvações metafísicas e criações...

Alguns pensamentos filosóficos que tem vagado pelos recôncavos da minha consciência e precisam se libertar na forma de texto... Sartre muito bem constatou o fato de que a nossa espécie nasce completamente vazia. Primeiro existimos, depois passamos a construir nossa essência. Essa é a ideia central do existencialismo, uma das mais importantes vertentes da filosofia contemporânea. Nascemos como uma folha em branco. Perdidos, confusos, assustados, cheios de incômodos e vontades que não entendemos, mas com um enorme potencial de absorção de conceitos e uma capacidade diferenciada (pelo menos no reino animal) de estabelecer relações de causa-consequência entre os fenômenos que captamos do mundo físico através dos nossos sentidos. Mesmo que esses sentidos, como Platão muito bem observou, sejam bastante imprecisos, limitados e fortemente sujeitos aos mais diversos tipos de engano. Talvez o dualismo Platônico tenha sido uma consequência psicológica da filosofia Grega de buscar uma salvaçã

Por que é tão difícil ser coerente?

       Tenho pensado bastante sobre coerência. Acredito que exista uma questão fundamental da psicologia do homem em torno desse tema. Quando pensamos seriamente no conceito de vida nos deparamos com uma diversidade enorme de formas, tamanhos, funções biológicas, estruturas comuns, padrões de comportamento e níveis de consciência. Costumamos colocar a espécie humana no topo da nossa escala de complexidade nas questões da consciência e talvez essa seja mesmo uma escala apropriada.          O fato do homem ser provavelmente a espécie mais despreparada entre todas do reino animal no que tange às questões do instinto e ainda assim ter sido capaz de modificar o mundo da forma como modificamos é um ponto determinante nesse "ranqueamento"  da consciência dos tipos de vida que observamos em nosso planeta. Ainda assim sofremos coisas que só nós humanos sofremos. Criamos monstros psicológicos que só nós criamos. Coletivizamos nossas dores para dissipar no universo tudo aquilo que nã