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Mostrando postagens de outubro, 2017

A leveza e o peso

Em mim existe leveza Mas também há peso Um peso que não tira férias Que ofusca o brilho da leveza Inebria a beleza do acaso Transforma tudo em plano E como tudo que é plano, pesa E como tudo que pesa cai E no cair distancia, desencontra Não se acha mais em sua causa E vira uma imagem borrada Num plano da não-consciência E na perda da nitidez vira medo E como tudo que é medo, pesa E com o peso do medo, cega E na cegueira, se perde Vira um monstro imaginado Que bagunça os afetos E agita os mares internos Deixando a leveza sozinha Tentando se mostrar à deriva Mas em mim também há leveza Que aflora quando o peso dorme E o barco quebrado da leveza Atraca na costa do mar de afetos E eleva o sentir ao inominado Estimulado pela transcendência Que me chega na forma de sons No arrepio causado Por um acorde diminuto Ou pela pausa no momento certo Que lembra a harmonia de que ela Também precisa descansar E que para ser leve Deve haver repouso E quando finda

Grão de pólen

Queria ser um grão de pólen E me mover ao sabor do vento Sem deliberações ou escolhas Queria ser mais acaso E marear como a maré mareia  Sem consciência, sem dor, sem medo Queria fluir como flui um rio Ser encontro não planejado E não desencontro programado Queria não precisar da linguagem Não ter que buscar nas palavras Essa transcendência desesperada Queria prescindir da poesia E não ter que fazer esforço Para fugir da prisão dos sentidos Ser mais instinto e menos razão  Estar presente no agora Existir sem precisar ser  Rafael Gabler, 18/10/2017