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Mostrando postagens de julho, 2019

Oração para a vida

Vida, obrigado por me proporcionar um corpo como um meio para o aprendizado do meu espírito. Obrigado pela oportunidade de interagir com as minhas emoções para que eu possa me conhecer através delas. Agradeço cada flor e cada espinho colocados em meu caminho. Que seu brilho ilumine meu espírito e sua luz acenda cada dia mais a minha consciência! Que sua presença não me faça esquecer que meu tesouro é meu coração! Peço que sua luz me traga a sabedoria de me conectar com a minha essência. Que meu caminho seja a leveza do retorno ao lar. Que o amor seja a minha estrela guia. Que meu caminhar seja uma dança. Que o monstro do apego não atormente o meu espírito. Que na conexão comigo mesmo eu consiga transformar sentimentos ruins em pensamentos bons. Que o sofrimento seja sempre um professor, nunca um malfeitor. Que eu encontre a ação correta no silêncio da meditação. Que eu consiga praticar o desapego nas pequenas coisas. Que o brilho da minha razão não ofusque a luz do meu coração. Que mi

Cor(agem)

Qual a forma da coragem? No que consiste esse sentimento? Isso chega a ser um sentimento? Ou seria uma postura valorada com base numa referência externa? Essa pergunta faz qualquer sentido? A coragem tem uma forma? Talvez a resposta esteja escondida na própria palavra. O prefixo "cor" é o mesmo de "coração". Agem é a conjugação do verbo "agir" na terceira pessoa do plural, curiosamente destinada àqueles que estão fora de nós: ELES agem. Os arquétipos que usamos para facilitar a compreensão desses afetos são sempre exagerados. As sutilezas da vida costumam passar despercebidas pelo crivo da nossa racionalidade grosseira. O mito do herói, comum a todas as culturas humanas, envolve superações improváveis, batalhas invencíveis e ainda assim vencidas pelo grande herói, detentor de toda coragem que gostaríamos de ter perante a vida. A coragem, que pela palavra nada mais é do que a ação que  vem do coração, costuma estar tão distante dos nossos afetos que pr

Vagando

8h da manhã, acordo assustado, o coração disparado, a mente agitada. Sinto frio, muito frio. Um frio  que não se intimida com um chazinho ou um banho quente. Um frio na alma, atrelado ao escuro do vazio gélido que espreita todo ser vivo consciente de sua finitude e inconsciente da causa primária que o gerou. Tento fazer umas respirações profundas a fim de conectar a mente ao corpo. A mente, essa espécie de doença autoimune do espírito. Olho para o teto do quarto que contém meu corpo inerte na cama. Pego o celular, meu portal de conexão com o mundo imaginado. Esse mundo que com o passar dos anos foi tomando o lugar do mundo que eu julgava ser real. Hoje já não sei quais são os elementos que separam o imaginário do real. Chego a desconfiar que esse tal real não passa de mais uma das criações do monstro "mente". Dessas que servem para nos dar qualquer tipo de referência artificial para que delineemos um caminho qualquer, só para ter um caminho a seguir. O real como um bote salv

Invisível

"Não roube a minha solidão sem antes me oferecer a verdadeira companhia". Foi Nietzsche quem pronunciou essas palavras... Logo você, Nietzsche? Que precisou de enorme dose de coragem para desbravar sozinho os longínquos territórios do pensamento para além de todo bem e todo mal! Que mostrou genealogicamente as origens absurdas e as arbitrariedades de todos os nossos frágeis sentimentos morais. Que doou sua própria vida em prol da hercúlea missão de desatar os grilhões dessas grossas correntes que nos prendem a esse jogo de palavras absurdo, ceifador de toda vida que deseja se manifestar no esplendor de sua vontade de potência. Essa sua frase me soa como um enigma a ser decifrado. O que significa essa "verdadeira companhia" da qual você fala? Ela realmente existe? Ou será que não passa de mais uma projeção fantasiosa que criamos para não termos que encarar a dura verdade de que cada homem só pode salvar a si mesmo? Aonde está essa "verdadeira companhia"? A