Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2017

A revolução do indivíduo

       Estou eu, tocando guitarra em casa, num domingo chuvoso, quando decido cantar "Eu sou egoísta" do Raul, música do disco "Novo Aeon" (sobre o qual já fiz uma resenha nesse blog: link aqui).         Bom, a música termina com as seguintes frases repetidas numa espécie de mantra: "Eu sou egoísta! Porque não?" E eu na minha desafinada cantoria comecei a entonar esse verso enquanto pensava em seu real sentido. Motivado por essa temática decidi escrever aqui para organizar e desanuviar as ideias que passavam em minha mente. Esse blog é um blog egoísta, serve muito mais a um propósito meu de escrever e documentar coisas para melhorar o fluxo das ideias na minha mente do que para atrair leitores. E com essa motivação abro esse post.          Raul Seixas foi um grande filósofo. Leu todas as grandes obras filosóficas que lhe eram disponíveis em seu tempo. As letras de Raul são atemporais, de tal sorte que mesmo com um plano de fundo limitado por questões

Novo Aeon

Imagem
       Hoje senti vontade de resenhar sobre essa magistral obra filosófica do maior de todos os filósofos na percepção desse que vos escreve: Raul Seixas!        Confesso que sempre que alguém fala de forma irônica sobre Raul, o chamando de "doidão" e rindo, isso me dói no fundo da alma. Raul é um gênio do pensamento filosófico, mas não só isso, é também roqueiro, poeta, músico, anarquista, ateu, libertário, questionador, pensador e  muito mais. E aqui digo "é" no presente, pois a atemporalidade da obra de Raul Seixas mantém suas ideias vivas. Os discos que ele lançou nos anos 70 estão mais atuais do que nunca. Raul veio ao mundo, viveu intensamente e foi embora. Mas deixou uma obra que nunca morrerá. A obra de Raulzito tem esse poder. Toca do caminhoneiro do Brasil profundo à dona de casa nos pegue-pagues do mundo, ao Professor universitário, cientista e roqueiro que vos escreve. Comecei a ouvir Raul aos 15 anos de idade e desde então Raul me acompanha. Raul é um

O bem que a ciência faz (na visão de um cientista)

         Quando digo às pessoas que sou cientista já espero logo a pergunta: "Você trabalha com o que?". Gentilmente digo que trabalho com fluidos magnéticos. Em seguida segue a tréplica habitual: "E isso serve para que?"!        Eu entendo que nossa sociedade nos treina desde muito jovens a valorizarmos apenas aquilo que é financeiramente rentável ou rapidamente aplicável. Mas não consigo deixar de sentir um enorme incômodo no fundo do peito com essa simples pergunta: "Serve para que?". E porque essa pergunta me incomoda tanto? Bom, é o que explicarei a seguir...         Sou um cientista, então vou tentar explicar como um. Vamos fazer um experimento mental, ok? Imagine um não-cientista que nesse texto terá o nome de " Controle ". Pois bem, Controle está de férias, numa praia paradisíaca, numa linda noite de verão, clima agradável, céu "limpo", em um local com pouca iluminação artificial. Nesse contexto a visão que Controle tem d

Precisamos falar sobre o Dark Side

Imagem
The Dark Side of the Moon” é mais do que um disco de rock. É uma viagem mental na forma de sons. É um disco que consegue reunir lindas canções, letras filosóficas, transições conceituais entre as faixas, uma mixagem digna de ser chamada de obra de arte, timbres deliciosos e uma fluidez assustadoramente bela que leva o ouvinte de um estado mental a outro sem que este perceba as mudanças extremamente sutis de atmosfera que pouco a pouco o conduzem através de uma jornada interna e o obrigam a olhar dentro de si mesmo (ou se perder). O disco começa com batidas de coração que gradativamente somam-se ao som de caixas registradoras com intensidade crescente até que no ápice dessa explosão de sons, lindos gritos femininos anunciam a entrada da batida mais agradável a este ouvido humano que vos escreve: e temos “Breathe (in the air)”. Uma canção existencialista que nos afirma em alto e bom tom que tudo que tocamos e vemos é tudo que nossa vida é e será. Esse conceito permeia o disco int