Quase morte

A estaticidade da dinâmica desses dias, que parecem se repetir em ondas dissonantes de afetos em maremoto, me leva a um estado híbrido de viver a vida de mãos dadas com a própria morte. Esse fluxo entrópico sempre crescente, a pressão por uma criação que parece vir da própria natureza, essa necessidade de experimentar possíveis arranjos que levem a um mesmo resultado, essa eterna inconsciência que encontra pequenos alívios em minúsculas compreensões que duram o tempo de um piscar de olhos, a sensação sufocante de uma solidão para a qual não existe cura, o cansaço da consciência de tudo isso que se mistura com a desconfiança de que no amanhã, no próximo grande lampejo dessa luz que tem hesitado em brotar, essas palavras não passarão de uma verborragia imatura de um lado meu que acumula tudo isso que não entendo só para no próximo acesso manifestar uma nova harmonia para ninguém ouvir, um novo texto para ninguém ler ou um novo discurso para ninguém entender. Não se pode vencer a luta contra a Entropia. Todo ser humano paga o preço por sentir as coisas em desacordo com a dinâmica de seu próprio tempo.

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