Grão de pólen
Queria ser um grão de pólen
E me mover ao sabor do vento
Sem deliberações ou escolhas
Queria ser mais acaso
E marear como a maré mareia
Sem consciência, sem dor, sem medo
Queria fluir como flui um rio
Queria fluir como flui um rio
Ser encontro não planejado
E não desencontro programado
Queria não precisar da linguagem
Não ter que buscar nas palavras
Essa transcendência desesperada
Queria prescindir da poesia
E não ter que fazer esforço
Para fugir da prisão dos sentidos
Ser mais instinto e menos razão
Estar presente no agora
Existir sem precisar ser
Rafael Gabler, 18/10/2017
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