A leveza e o peso

Em mim existe leveza
Mas também há peso
Um peso que não tira férias
Que ofusca o brilho da leveza
Inebria a beleza do acaso
Transforma tudo em plano
E como tudo que é plano, pesa

E como tudo que pesa cai
E no cair distancia, desencontra
Não se acha mais em sua causa
E vira uma imagem borrada
Num plano da não-consciência
E na perda da nitidez vira medo
E como tudo que é medo, pesa

E com o peso do medo, cega
E na cegueira, se perde
Vira um monstro imaginado
Que bagunça os afetos
E agita os mares internos
Deixando a leveza sozinha
Tentando se mostrar à deriva

Mas em mim também há leveza
Que aflora quando o peso dorme
E o barco quebrado da leveza
Atraca na costa do mar de afetos
E eleva o sentir ao inominado
Estimulado pela transcendência
Que me chega na forma de sons

No arrepio causado
Por um acorde diminuto
Ou pela pausa no momento certo
Que lembra a harmonia de que ela
Também precisa descansar
E que para ser leve
Deve haver repouso

E quando finda a música o peso levanta
Busco então a leveza
Mas como tudo que é leve não se busca
Tateio o mundo no escuro
E a leveza se esconde pra não ser encontro
Pois ela só gosta de aparecer
Quando os planos do peso dormem

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A linguagem e a impossibilidade da verdade

Precisamos falar sobre o Dark Side

Novo Aeon